domingo, 27 de setembro de 2009

50 anos

A gente, definitivamente, não consegue viver juntas por mais de 3 dias.
Mas ela é a primeira pessoa a quem recorro quando preciso de conselhos da vida.

Ela nunca entendeu meu papo de ser autônoma e não depender mais dos pais.
E, por isso mesmo, a cada 15 dias ela vai na minha casa e arruma tudo por lá, quando estou no trampo.

Eu nunca fiz questão de ir a médicos e odeio a idéia de pensar em consultas.
Mas, quando preciso mesmo ir, ela é a primeira pessoa que eu ligo pra me acompanhar. E ela responde que só tava esperando eu ligar pra ir junto.

Ela sempre entendeu quando eu ficava isolada no meu canto, quando eu demorava meses (literalmente) pra voltar de Campinas, quando eu resolvia ir pra Belém a passar as férias com ela. Ficava (e ainda fica) com ciúmes enormes dos meus amigos, mais ainda daqueles dos quais ela só ouve o nome e não sabe quem é pessoalmente. Mas sempre soube administrar e esquecia disso quando eu voltava pra casa querendo conversar.

Por essas e muitas outras, parabéns pra minha mãe de sangue!

sábado, 26 de setembro de 2009

Death Note


Essa semana li, pela terceira vez, o mangá Death Note. Não sou do tipo que só lê um estilo de quadrinhos, não tenho preconceito nenhum com o povo bombado da Marvel, os magrelos de olhos grandes do mangá e os mais de arte que tem por aí. E eu já fui bem fanática por mangá (aos 15, 16 anos, aprendi a ler japonês - não a entender -, ia na Liberdade comprar mangás originais, desenhava e estruturava várias histórias nesse estilo, e assistia o pouco que passava na tv brasileira e pedia a amigos descendentes fitas vhs com séries que passavam só no Japão. Uma hora cansei de ser fanática e resolvi curtir outras coisas na vida.)

Enfim, o mangá trata-se de um garoto chamado Raito Yagami, um cara gênio que acha que o mundo está podre. Certo dia, encontra um caderno jogado no chão chamado "Death Note", no qual, dentre as muitas regras escritas, diz que ao escrever o nome de alguém nele, a pessoa morre. Descrente, mas ao mesmo tempo curioso pela veracidade, ele escreve o nome de dois criminosos que vê na tv e, segundos depois, é noticiada a morte deles.

Convicto de que não é coincidência, e seguindo seu senso de justiça bem singular e às vezes bem banal (de eliminar as pessoas que não prestam no mundo, segundo sua ótica - e isso inclui tanto criminosos de alto calibre quanto estudantes vagabundos que nada acrescentam ao mundo), ele começa a arquitetar um plano de eliminação e de uma série de assassinatos. Lógico que suas ações são percebidas pela polícia e pela mídia. Começam a correr boatos pela internet sobre o novo deus, batizado de "Kira" (killer, na "tradução" japonesa), e muitos o têm em grande conta. E é junto à polícia que surge L, o maior investigador do mundo, também gênio e tão inteligente quanto Raito.

A partir daí, configura-se uma trama de perseguição, de denúncias, e um quebra-cabeça gigantesco vai se montando e desmontando ao mesmo tempo. No fim, o que menos importa são as mortes e os motivos, mas sim a investigação como um todo e os passos de cada lado, tanto de Raito quanto de L. A história, que parece bem idiota, ganha novos ares e uma nova interpretação graças ao modo de condução da narrativa, muito bem levada.

Contar mais do que isso vai fazer perder toda a graça da série, mas aos que tem paciência e não tem preconceito ao traço japonês, Death Note é leitura obrigatória, que prende a atenção e te deixa um tanto angustiado a cada volume lido.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

No centro

Só pra dizer que faz um mês que tô morando no centro.

E também pra dizer como é bom morar perto de tudo, e demorar menos de meia hora pra ir nos lugares mais legais da cidade. E aí inclui-se os bares também. E como é bom voltar a pé, sem depender dos ônibus e do metrô, que param de rodar à meia-noite.

E como é bom ter, finalmente, um quarto-casa só pra mim, sem dividir com ninguém.

Não dá pra ter saudades de morar com os pais. Não dá pra ter saudades de demorar mais de uma hora pra chegar em qualquer tipo de encontro com os amigos. Mas dá saudades do lugar onde morava.

No fim, acho que dá medo de esquecer o passado. Esquecer, não; dá medo de renegar o passado.

Enfim, hora de começar a decorar a casa nova!

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Casamento

Domingo foi muito bonito ver um casal se firmando. Ver a alegria deles, e também perceber que a ficha não caiu. Ver eles falando do medo e da empolgação do novo, do desconhecido. Ver a importância para eles de terem anunciado a união aos amigos, mesmo eles vivendo relativamente juntos a um tempo.

Alguns amigos em comum já tavam acostumados a verem casais se formando, se partindo, tentando de novo. Pra mim, era a primeira vez que via um amigo tão próximo tomando esse rumo da vida.

Vou ter de me acostumar, de verdade, a ver amigos se casando.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

No trampo

Eu não sei se sou bom exemplo pros estagiários de onde eu trabalho.

Vira e mexe eu conto aquelas histórias absurdas dos Encontros.
Muitas vezes eu falo da ressaca que o bar da noite anterior causou. [e nessas vezes eu conto do quão tosco é o bar que eu fui.]
Outras vezes falo do mais novo concurso que o escritório se meteu, o que faz a molecada aqui se esbaldar nos sites de Arquitetura que vou encontrando.
E, finalmente, me divirto contando histórias de quando ainda morava em Campinas. Histórias sobre as inúmeras bebedeiras, sobre viver com mais de 6 meninas na mesma casa, sobre trabalhar de ressaca, sobre trancar o TFG.

Eu sei que, apesar de me respeitarem muito e acharem que eu sei muita coisa, eu acabo dando liberdade pra molecada conversar mais sobre a vida e falar mais de suas experiências. Coisa que, aparentemente, não acontecia antes de eu trabalhar lá.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Mais um pouco de Embu

Em dois meses e meio convivendo mais em Embu do que em São Paulo, acho que já dá pra fazer uma breve análise menos superficial da cidade que me mantém.

Embu é uma cidade de médio porte, com cerca de 250 mil habitantes. A atividade básica que mantém a cidade é o artesanato, motivo pela qual é reconhecida mundialmente. E isso não é exagero, já que mesmo em dias de semana eu vejo muitos gringos na cidade, tirando fotos e comprando arte. O forte, mesmo, são os fins de semana, onde o turismo é maior, prioritariamente no centro histórico da cidade. A feira de artesanato acontece lá há 40 anos.

A cidade é cortada pela rodovia Regis Bittencourt (BR 116), e dependendo de onde vc está é normal ouvir a expressão “do lado de lá da rodovia”. Os acessos a partir de São Paulo são feitos tanto pela zona oeste (avenida Francisco Morato, passando por Taboão da Serra) ou pela zona sul (estrada de Itapecerica, passando por Itapecerica da Serra, ou estrada do Campo Limpo, que também passa por Taboão da Serra). Não é a tarefa mais fácil do mundo ir pra Embu por meio de transporte público, situação que tende a melhorar com a inauguração da linha amarela do metrô.

Mas, como nem tudo são flores, Embu carrega nas costas vários problemas, como não poderia deixar de ser. A imagem bonita do centro é facilmente esquecida quando se visita os demais bairros da cidade, com suas ocupações irregulares e favelas com esgoto a céu aberto. Trabalhando numa companhia pública de habitação, fica fácil ver todos os problemas de arquitetura e urbanismo da cidade. A periferia carece de muitas condições básicas de moradia, embora a situação tenha melhorado muito nesse meio tempo, pelo que vejo das fotos e das declarações dos próprios moradores de lá.

Além dos problemas de urbanização na periferia, Embu tem cerca de 70% de sua área comprometida como área de proteção ambiental. O que causou grandes transtornos ao governo do estado para poder implantar a fase sul do rodoanel, que também passa pela cidade. Embu já foi considerada um dos municípios mais perigosos do estado, situação que durou até cerca de 2001 e que vem sendo amenizada até agora. De fato, a segurança é bem maior agora do que há 13 anos, quando fui visitar pela primeira vez a cidade na companhia dos meus pais.

Toda essa situação de melhoria fez com que a população visse a administração local como a responsável por todos os problemas que surjam, mesmo quando a culpa é do próprio morador da cidade. A população se acostumou a ver a administração como meramente assistencialista, e se nega a ser parte fundamental e responsável também pela solução dos problemas. Claro que isso, genericamente falando. Alguns bairros ainda têm a consciência de que são tão ou mais responsáveis do que o poder público.

Em palavras rápidas, isso é o que vejo de Embu nas minhas viagens diárias e no dia-a-dia.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Quase normal

Continuo sem internet em casa. Depois de comprar um tênis de mais de 90 contos, vai demorar mais um mês pra eu ir atrás disso. E mais tempo ainda para comprar um botijão de gás pra poder cozinhar em casa. E ainda devo mais de 500 contos pro meu pai. Fora aluguel, condomínio, cervejas...o mês vai ter de render muito! Por enquanto vou quebrando galhos, minha especialidade nessa vida.

Às vezes o coração dá uma inquietada, mas é bom perceber que ele continua pulsando, mesmo que prioritariamente por coisas do passado. Principalmente porque eu gosto de sofrer e fico relendo lembranças desse passado, que estão prontas a serem doadas e se tornarem somente lembranças imateriais. Tá sendo realmente esquisito não pensar mais em turnos, não programar mais viagens pelo Brasil afora, ter fins de semanas tranqüilos e sem maiores preocupações além do que a vida adulta proporciona.

Quem me lê e entende o contexto talvez imagine como tá esse processo todo. Quem não sabe do que se trata (ou até sabe) e acha tudo isso uma pieguice sem tamanho, bom, eu nunca vou saber explicar. E mesmo se soubesse, nunca iriam entender. Talvez seja piegas mesmo e eu esteja fazendo tempestade em copo d’água.

De qualquer forma, pra preencher esse vazio, e seguindo conselhos da minha família (não a de sangue, a outra), vou voltar a estudar gaita, sonho antigo que ficou adormecido esse tempo todo. Assim que acabar de ler as tirinhas do Snoopy de 1983 a 1999.

E, depois da reunião nesse feriado, vamos retomar o escritório com um projeto bem simples pra outro concurso aí. E, depois desse concurso, mais outro, pro ano que vem. Nossa programação ficou bem intensa, de repente.

Ainda, na sexta dessa semana, finalmente consegui ver o Balé da Cidade de São Paulo, na companhia do padrinho, que sempre tem uma paciência de Jó pra me explicar tudo desse mundo tão novo e tão singular da Dança, que eu tô aprendendo a entender. E só valeu pela companhia dele mesmo, que não via há um tempo. Porque o balé mais me pareceu a versão dançarina do Dream Theater, sem muitas emoções e virtuosismo até dizer chega.

Apesar disso tudo, a vida tá boa e bem tranqüila. E tomando algum rumo, finalmente. Eu acho.

[Escrito às 22:16 do dia 07/09/09. Postado nessa data aí de baixo.]

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Bar sem cerveja

Eu não sou de ligar muito para o quanto de tempo eu fico sem falar com alguns amigos. O que não significa, necessariamente, que não os considero mais. Às vezes calha de eu não procurar mais por "n" motivos, e às vezes calha de meus amigos estarem em outra situação e outro momento da vida. De certa forma, aprendi a respeitar isso, mesmo quando a saudade aperta.

E, por isso mesmo, qualquer conversa de meia hora com alguém que não vejo a muito tempo já me vale a semana. Quando é alguém muito especial, 3 horas passam mais do que rápido. E como é legal relembrar as milhões de diferenças que temos e as tantas semelhanças, tão importantes que resumem bem os 3 anos de amizade.

E como é legal ficar horas conversando, sem beber nada de alcóolico, falar da vida, dos projetos, de arquitetura, sem amarras e sem pressa. Mesmo com o cansaço absurdo que toda quarta me traz. Há muito tempo não fazia isso. E não lembrava como me fazia falta.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Vista


Taí a vista da minha casinha nova (que é, na verdade, uma kitnet bem pequena e aconchegante).
Dá até pra ver quando o trânsito fica bom, em ambos os sentidos.
Só pra situar, a avenida embaixo é a 23 de Maio, o predinho da esquerda é a prefeitura de São Paulo (o Banespinha) e logo abaixo, quase no centro da foto, a entrada do metrô Anhangabau.