domingo, 28 de fevereiro de 2010

Família e energia

A festinha na casa do padrinho, nesse sábado, foi meio mágica. Por diversos motivos.

Talvez porque tinha muita gente querida junto. Várias gerações no mesmo lugar, conversando animadamente sobre a vida, sobre muita coisa. Umas seis gerações de diretores regionais no mesmo lugar [de 2001 a 2009 - eu era a mais nova, hehe], e isso não é pouca coisa, não. Porque no fim, a afinidade era muita, mesmo que poucos tenham acompanhado de perto o trabalho um do outro. Não falamos de trabalho da federação, não falamos de turnos e assuntos estudantis. Não precisou disso para continuarmos sendo próximos. Praticamente a mesma sensação de quando encontrei minha mãe, em Campinas, em outubro passado.

Talvez porque a vida de adulto me sufoca de um jeito que a vida parece não ter mais espaço para carinho, abraços, conversas boas. E quando surge a oportunidade de se reviver isso com a família do coração, a sensação é maravilhosa. A saudade fica mais latente, passo a sofrer mais com isso. Uma dor boa de se sentir, mas difícil de explicar.

Talvez porque o finzinho de festa foi espetacular. Uma volta no tempo tão boa, com todos se divertindo muito. Foi nessa parte que a energia ficou estranhamente muito boa, e muito forte. Foi nessa parte que todos nós sentimos a mesma coisa, como se fosse a Iniciação num Conselho de verdade. E, no fim, a pegada era a mesma. Foi depois disso que a conversa com a madrinha me fez pensar em muita coisa. Me fez ver a falta que me faz ficar no meu canto, pensando no que tinha acabado de acontecer. Pensando no que seria da vida. Pensando que aquele bando de maluco era nada menos que pequenos idealistas pensando no mesmo.

Não sei se só eu senti isso, mas pra mim a festinha foi muito mais do que a mera comemoração em torno da compra de um computador. Foi a certeza de que, por mais distantes que a gente fique a cada dia, fruto da vida nova de cada um, a amizade com eles fica pra sempre no coração. E não importa quanto tempo ficamos sem nos ver, sem nos falar. Basta algumas horas junto que parece que nos vimos ontem mesmo. Parece que no mesmo dia dormimos na mesma sala de aula muitas vezes suja e desajeitada, no chão ou no colchão alheio, e acordamos animados pra bater papo.

Eu tinha considerado tirar esse par de colares que carrego desde 2007. Acho que, depois disso, os colares vão ficar comigo por mais um bom tempo. E pensar que um início insólito, na semana mais fria de Campinas em 2006, que tinha tudo pra me fazer sair desse mundo o mais rápido possível, me proporciona tanta coisa boa ainda hoje...

No fim, só resta agradecer a tanta gente. A uma em particular.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Parênteses

[post chato, mas foi essencial escrever sobre isso nessa hora. a saudades bateu forte, de novo.]

Passei o carnaval com uns amigos de um amigo meu, que juntos fazem parte de um movimento de reconstrução de cidades devastadas por acidente naturais. Resumidamente falando, é isso, mas tem muito mais, que pode ser pesquisado aqui, por exemplo.

Quando tava pra sair da FeNEA, eu já sabia dese movimento, sem dar a devida atenção. Até porque, na época, minha cabeça tava cheia de muitas outras preocupações. E vi alguns amigos feneanos e outros da vida se enveredarem por esse caminho, que tem inúmeras semelhanças com o que tentávamos fazer nos Encontros e Conselhos da vida. Quando pensávamos que podíamos mudar o mundo. Por ser um movimento relativamente novo, é possível que esteja dando mais certo do que a Federação. E espero que se conserve bem assim até alcançar os objetivos.

O fato é que o clima, as conversas, a admiração e a curiosidade de quem era de fora do movimento, a dinâmica antes de pegarmos bambu, a vontade de mudar o mundo me deu uma saudade absurda da Federação. Acho que foi o fator primordial que me fez ter essa viagem como uma das melhores. Porque, no fim, ela me trouxe lembranças muito boas iguais as de algum CoREA ou CoNEA bom que eu tenha ido. Quando todo mundo tava na mesma pegada. Quando havia respeito, choros, abraços e saudades infinitas.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Carnaval na Juréia

Não é segredo que eu não curto o carnaval. Não sei precisar porque, mas não gosto. Curto o feriado em si, momento de descanso e de viagem.

Quase todo carnaval eu ia pro litoral sul. Era o momento do ano de visitar os parentes que moram por lá. Então, todo carnaval eu passava em Iguape, Barra do Ribeira e Juréia, com meus pais e irmãos. Às vezes era bem legal, mas na maioria das vezes era um suplício. Basicamente por conta das eternas brigas entre meus pais. Era bom porque era o único momento do ano que eu via o mar.

Nesse ano o lugar foi quase o mesmo, mas num contexto e numa viagem completamente diferente. A convite de um grande amigo meu, fui acampar dentro da Estação Ecológica da Juréia, junto com amigos dele e mais uma amiga nossa, da faculdade. Que, depois da viagem pra Mococa, se tornou mais próxima de mim.

A Estação é uma área em que a presença humana não é permitida por lei. Ninguém, além de pesquisadores e funcionários do Instituto Florestal, pode entrar lá. Muito menos acampar. Um amigo conhecido lá nos deu estadia na casa da família, que mora lá desde que o Brasil foi "descoberto". Desse modo, tivemos a chance de passar alguns dias num lugar bem deserto, sem energia elétrica, com praias e cachoeiras maravilhosas. Isolados do mundo, lutando - literalmente - contra as mutucas, conversando bastante sobre a vida, sem a música "moderna" de carnaval, sem farofeiros, sem gente sem noção.

Impossível descrever bem sobre a trilha de mais de 4 horas, das cachoeiras uma mais linda que a outra, da hospitalidade da família, das músicas típicas dos caiçaras, da dança até às 5 da manhã, da bebedeira no meu último dia por lá, do carinho dos amigos recém-conquistados, da carona de moto pela praia semi-deserta até a Barra do Una. Tudo parece muito, muito surreal pra ter acontecido de verdade. Mas que vou guardar na memória por um bom tempo como uma das melhores viagens que já fiz na vida.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Paula e Bebeto

"Ê vida vida que amor brincadeira, à vera
Eles amaram de qualquer maneira, à vera
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor vale amar
Pena que pena que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor vale amar
Qualquer maneira de amor vale a pena
Qualquer maneira de amor valerá
Eles partiram por outros assuntos, muitos
Mas no meu canto estarão sempre juntos, muito
Qualquer maneira que eu cante esse canto
Qualquer maneira me vale cantar
Eles se amam de qualquer maneira, à vera
Eles se amam é prá vida inteira, à vera
Qualquer maneira de amor vale o canto
Qualquer maneira me vale cantar
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor valerá
Pena que pena que coisa bonita, diga
Qual a palavra que nunca foi dita, diga
Qualquer maneira de amor vale o canto
Qualquer maneira me vale cantar
Qualquer maneira de amor vale aquela
Qualquer maneira de amor valerá"

Um dia eu escrevo de uma maneira muito bonita sobre o Clube da Esquina. Por enquanto, fica essa música que tem me martelado a cabeça desde o dia do show do Milton Nascimento, no Parque da Independência, no dia 25 de janeiro desse ano.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Campinas

Eu devo ser a única da turma da faculdade que gosta de Campinas.
Que sente falta da calmaria e da tranquilidade de lá.
A única que gosta de reclamar do calor de lá só pra encher o saco dos outros.
Que gosta de conhecer os inúmeros bares, de Sousas, Barão Geraldo, Cambuí...mesmo que sejam mais caros e chiques do que os que vou aqui em SP.
E que gosta de ficar relembrando a cidade e fica falando: "Nossa, tal bar fechou....olha, abriu tal coisa em tal lugar!"
A única que não sente falta nem um pouco da vida na faculdade, porque a vida de adulta tá muito mais legal.
Mas que sente falta dos amigos vistos todo dia, dos bares idos toda noite. Das caronas dos amigos que me buscavam em casa numa quinta-feira às onze da noite pra fechar algum bar às quatro da manhã. E acordar às sete pra trabalhar.

Enfim. Gosto de voltar pra Campinas sempre que posso, com ou sem compromisso lá. Sozinha ou acompanhada. Faça chuva, faça sol.


Mas ainda gosto muito mais de SP.

ps: eu não canso de escrever sobre Campinas. Já tem outro post aí sobre a cidade, e outros vários com referência a ela. E viva a redundância!

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Fumantes e afinidades

Comecei a fumar em 2002, logo que fui pra Campinas. Meio tarde pra adquirir um novo vício, mas a família de sangue não dava trégua, e eu não tinha com quem desabafar. Apelei pra bebida e pro cigarro. Hoje, passados quase 8 anos, consigo maneirar na bebida. Já o cigarro vai demorar mais um tempo pra pensar em parar, ainda mais com as tensões da nova vida.

Mas não era sobre isso que queria falar. Eu nunca tive muitos amigos fumantes. Na verdade, minha turma original de faculdade era bem saudável - fora os moleques, que bebiam absurdo e que eu sempre acompanhei bem. A turma adotada, um ano mais nova que a minha, já era bem mais de bebidas. Mas o cigarro continuava de fora, exceto em raras exceções de bebedeira excessiva dos bixos, que me pediam um cigarro atrás do outro. Era com essa turma mais nova, mais especificamente três pessoas, que acabava me dando muito bem.

Um dia, em Embu, ficamos falando sobre fumantes em geral, e alguém me disse que os fumantes tem um pensamento parecido, ou que conseguem se entender melhor. Nunca tinha pensado muito nisso, até reparar em todos os amigos que tenho.

E, de certa forma, faz sentido. Da família de coração, a maioria são fumantes. Em maior ou menor grau. Já com os três da turma mais nova, que mais me filavam cigarro, são os que mantém o sonho de um escritório em conjunto. Nem preciso dizer que a afinidade é grande, mesmo que nenhum deles tenha mantido o hábito.

Há exceções, mesmo que tardias. Nesse fim de semana em Mococa, eu continuava sendo a única fumante da turma original. Tivemos altos e baixos por uns sete anos, mas continuamos bem unidos. Mesmo todo mundo muito mais saudável que eu.

Mas é com os sócios e com a família de coração que, definitivamente, me sinto em casa. Tendo a certeza de que qualquer mal entendido, caso exista, vai ser resolvido ou esquecido em pouquíssimo tempo. Tendo a certeza de que não vai ter rancor guardado por qualquer brincadeira mal-entendida.