sábado, 26 de fevereiro de 2011

Criatividade e ideologia

Eu não sou dessas arquitetas que são criativas. Não gosto de projetar e, quando tenho de fazer isso, saem umas coisas bem simples, tranquilas e úteis. Mas não criativas. Chego a pensar que até um engenheiro faria melhor.

Nunca fui de ficar viajando numa idéia, propor soluções de impacto. Sei solucionar o espaço, e isso me basta. Ainda mais agora, sabendo da qualidade da mão-de-obra de nossa construção civil, me limito cada vez mais a fazer o prático, tanto em termos projetuais quanto em estética.

Não fica uma coisa super legal, mas resolve.

Talvez por isso eu tenha me juntado com mais três amigos pra montar um escritório e poder desenvolver mais o lado criativo do meu cérebro. E ainda assim vai ser algo meio falso. Porque a pessoa nasce criativa, não se aprende a ser.

Eu sou mais do tipo de arquiteta que não se incomoda em ser sidekick. Aquele cara que tá do lado do herói, ajudando quando a barra pesa. Assim como na minha vida de modo geral, prefiro muito mais ajudar a consolidar uma idéia boa do que desenvolver algo do zero. E aí eu desenvolvo mais meu lado ideológico do que criativo, porque pra ajudar em alguma idéia eu tenho de lutar por ela, vestir a camisa, mesmo reconhecendo as possíveis falhas. E, por tabela, consigo desenvolver argumentos para a defesa e passar para a sociedade, e estabelecer um diálogo.

Então, juntando à minha timidez característica, ao meu não-gosto de conversar e à minha objetividade de fazer o trabalho rápido e bem feito, é comum eu nunca dar minha opinião durante o processo. Porque, no fim, me relaciono com pessoas muito eloquentes e muito mais inteligentes e experientes que eu. Por tabela, já dizem meus argumentos sem saberem e eu, que não gosto de falar, não preciso falar tudo de novo. Só minha presença no projeto já deveria dizer que eu concordo e bola pra frente. Se eu discordasse de algo, diria alguma coisa e cairia fora. Sem crises.

Sempre foi assim, desde os tempos de movimento estudantil até agora.

No fim, me acostumei a não ter nenhum papel de destaque em nada que eu faça. Nem no trabalho, nem nos projetos paralelos, com meus sócios ou com minhas amigas. O que não é comum são as demais pessoas aceitarem isso. Ficam incomodadas de eu não dar opinião nenhuma, de eu ficar quieta, prestando atenção. Mas é muito normal pra mim ser dessa forma. Gosto de ajudar, de qualquer forma possível, sem me preocupar com créditos.

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Resumo da vida

Ultimamente, minha vida se resume a:

- Trabalhar até às 19h todo dia útil em Embu. Mais por gosto do que por obrigação (e eu nunca imaginei que pensaria assim).

- Trabalhar com mutirão aos sábados (por enquanto o recorde é de 4 sábados seguidos, e que seriam mais, mas uma hora o corpo não aguenta).

- Estudar sobre Anarquismo, e começando a encarar estudos sobre autogestão.

- Tomar umas brejas de vez em quando, quase nunca.

- Dormir tarde e acordar cedo pra caramba graças à uma "ótima" reunião no escritório no começo do ano.

- Fazer parte de uma das melhores equipes que já trabalhei num trampo paralelo que tem tudo pra ser referência (enquanto damos um tempo no escritório próprio com meu sócios).

- Rever inúmeras fotos antigas e sair publicando por aí.

- Ficar entre o desânimo e o orgulho de muitas coisas que acontece em Embu.

- Cozinhar algumas coisas diferentes e ficando feliz com cada resultado bom.

Resumindo mais: muito trampo, pouca cerveja.
E, pra ficar mais esquisito, achar que isso não é a pior coisa do mundo.
E achar que, no fim, apesar de tudo que anda acontecendo por lá, o trabalho ainda vale bem a pena.