domingo, 31 de janeiro de 2010

Casório

Nesse fim de semana, morta de cansaço depois de outra semana tensa em Embu, lá fui eu acordar cedo no sábado pra encarar uma viagem de mais de 3 horas pra Mococa.

Confesso que não esperava muita coisa da viagem, a não ser ver a felicidade dos noivos. A noiva é amiga de faculdade, desde 2002, e chamou todo mundo da turma pra compartilhar a felicidade do casamento. Só esperava isso. Mas, ao chegar na chácara e ver todo mundo da turma que a tempos não via reunida, ver gente que eu não falava desde 2006, reconciliar com outras que tinha parado de conversar, já nem lembrava mais porque....foi ótimo!

E como foi bom ver que a sintonia continua a mesma, e até melhor. Como foi bom ver que a energia tava boa entre nós. Que bom ver que muitas coisas não mudam, e que sabemos lidar melhor com as diferenças. Foi muito bom saber como cada um está, saber das novidades de vida de cada, ver que tá todo mundo bem e feliz.

Muita conversa colocada em dia, alguma saudade matada, mas que insiste em existir. Não foi a primeira vez que conseguimos reunir tanta gente da turma, mas dessa vez deu tão certo que já combinamos de ficar numa chácara, em Campinas, no fim de semana que vem. Pós colação de grau dos remanescentes.

Acho que a "velhice" está nos fazendo bem.

A turma reunida na sombra.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Trampo e pequenas recompensas

Desde que comecei a trabalhar em Embu passei por inúmeras experiências, das mais gratificantes às mais tensas. Temos a filosofia de trabalho de sempre conversar com os moradores das áreas que fazemos os projetos - as favelas da cidade - antes de sair fazendo qualquer coisa. Muitas vezes é preciso fazer alianças que seriam condenáveis por muita gente de fora (e de dentro também). Mas só assim obtemos o respeito e a confiança de moradores que são retirados de áreas de risco, da beira de córregos transformados em esgoto, de áreas invadidas e ocupadas.

Essa semana, na quinta-feira, aconteceram algumas desgraças nas áreas de risco. Felizmente, ninguém morreu. Mas fomos acionados para dar soluções, para sermos cobrados. Nada mais natural. Com tanta terra caindo, tantas casas e barracos sendo interditados, com prédios vazios a tempo, esperando a burocracia do estado para que o pessoal os habitasse, o desespero estava no ar, e é compreensível que eles precisavam cobrar alguém. Sobrou pra gente.

Sendo assim, na sexta-feira trabalhamos muito, atrás de laudos da Defesa Civil, de mapas da área, do nome das pessoas mais afetadas. Muitos telefonemas, muita negociação, até sabermos que no sábado o estado iria nos atender, na capital. Isso era cinco horas da tarde, e era preciso avisar todo mundo que às sete da manhã do dia seguinte todos deveriam se encontrar e esperar um ônibus rumo à capital.

Sexta-feira, seis horas da tarde, com bar marcado em Embu mesmo, lá estávamos nós na área, avisando morador por morador sobre o compromisso do dia seguinte. Nove horas da noite acabamos de avisar, de explicar, de ver o choro do pessoal que ficou na segunda leva, de ver a alegria de quem ia receber um apartamento. Foi foda. De volta, fiquei no bar até às onze e meia da noite. Sabendo que no sábado, às sete e meia, deveria acordar para encontrar os moradores no centro de São Paulo.

Sábado, de ressaca e algumas cocas depois, encontrei minha chefe, na espera do ônibus de Embu, junto com o historiador que virou assistente social. Eu esperava algum tumulto, mas correu tudo tranquilo. As pessoas assinaram os contratos provisórios, ninguém fez confusão, explicamos várias vezes a burocracia, o cara do estado não deu previsão de entrega, e foi bem pressionado pelo pessoal - foi lindo! Uma parte dos moradores prometeu um churrasco em nossa homenagem.

Numa semana que, além de tudo isso, ainda tivemos problemas com um esgoto a céu aberto vindo dos prédios do CDHU, uma reunião um tanto tranquila com uma das comunidades mais tensas que prestamos serviço e com obra rodando, foi um sábado de redenção e de vitória. De mostrar que a gente não foge dos problemas, que vamos estar juntos até o fim. Que, apesar de não recebermos hora-extra e de não sermos obrigados a trabalhar aos sábados, vamos ser o apoio, e seremos cobrados até o fim.

E é nessas horas que eu fico orgulhosa de nosso trampo, mesmo que muitas vezes não sejamos reconhecidos, mesmo que não tenhamos dinheiro pra fazer mais e melhor. Nessas horas que eu me esqueço do dinheiro e tudo que me interessa é ajudar quem precisa. E é nessas horas que eu vejo que todo nosso esforço vale a pena.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Kick-Ass

Dave Lizewski, o Kick Ass


Há muito tempo não lia nada novo da Marvel. Até porque, pelos reviews que vão surgindo, não tinha nada que me agradasse. Até aparecer Kick-Ass (que, na verdade, apareceu faz um tempo já, em terras norte-americanas).

Soube de Kick-Ass por causa de um pôster que vi num site, anunciando o filme para abril de 2010. Na resenha tímida, soube que o filme é baseado numa série que ainda não terminou, desenhada e escrita por duas lendas dos quadrinhos: John Romita Jr. e Mark Millar, respectivamente. Logo que soube, baixei os sete números que saíram até então. Até a estréia em terras brasileiras deve sair alguma publicação por aqui.

A história é simples, mas muito bem sacada: um garoto, chamado Dave Lizewski, é aficcionado por quadrinhos. Faz o estilo nerd, apaixonado não só por quadrinhos, como por internet e novidades do gênero (durante a história, ocorrem inúmeras citações do nosso mundo real). E Dave se perguntava porque num mundo cheio de quadrinhos de heróis, ninguém nunca tinha pensado em virar um, de verdade. Até que ele coloca esse plano em prática. Na sua primeira missão, é esmurrado, esfaqueado e atropelado, ficando meses no hospital e recebendo placas de titânio na cabeça. De volta pra casa, queima todos seus gibis, jurando nunca mais se meter nessa vida. Promessa que não dura muito e logo ele volta à ativa, dessa vez de forma gloriosa.

Claro que nesse meio tempo muita coisa acontece, novos heróis e novas ameaças vão surgindo. Mas não dá pra dizer porque faz o filme (e a leitura) perder a graça. Eu acho que dois tipos de pessoas vão ver esse filme: os que conhecem a série e os amigos dos que conhecem a série, que vão ser convencidos a assistir. E o filme tem tudo pra ser a versão Marvel de Kill Bill, se for de acordo com as cenas dos gibis. O que não deixa de ser ruim, porque um gibi escrito por Mark Millar só pode ser muito bom.

Aliás, Millar tem se especializado, de certa forma, numa visão mais realista acerca dos heróis. Foi mais ou menos assim em Civil War, com o registro ou não de super-heróis (e, consequentemente, com o fim dos uniformes e o fim da identidade secreta) - Civil War, que retoma um pouco de um dos conceitos de Watchmen (do genial Alan Moore), principalmente no que diz respeito à frase "Quem vigia os vigilantes?"

Enfim, Kick-Ass tem tudo pra ser muito bom, uma surpresa a muita gente, principalmente aos marvetes de plantão. Já tá na lista de futuros filmes a serem vistos no cinema!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Um ano (título bem clichê)

Eu tinha um blog, lá pelos idos de 2002, em conjunto com dois amigos: Fabio e Flávia (era a Flávia mesmo a terceira componente?), que depois saiu e ficou o Toshio no lugar. Mas quem postava mais era eu e Fabio mesmo. Durou um bom tempo, acho que dois anos, até que ninguém mais postou e o blog foi desativado. Um tempo mais tarde, quando me estabeleci num trampo bom em Campinas, comecei outro. Isso foi em novembro de 2005, e durou até janeiro de 2009, quando mudei pra esse aqui. O primeiro tem o mesmo nome que esse daqui, e o segundo ainda tá ativo.

Então, faz um ano que tô nesse endereço, mas faz cerca de 8 anos que posto meus pensamentos na net. Já me disseram que sou muito corajosa e que escrevo muito bem. Não acho tudo isso, não, mas é legal ter um lugar virtual pra desabafar. Me surpreende ter gente que lê isso aqui, na verdade.

De qualquer modo, parabéns a um ano de um smarthead renovado, solitário e confuso, que me trouxe ótimas companhias e boas surpresas pra vida! Saúde!

domingo, 10 de janeiro de 2010

Família

Gosto de encontrar conhecidos, seja em ocasiões especiais ou não.
A maioria deles eu conheço relativamente bem. Mais por causa do passado gravado em emails distantes e por conversas com amigos em comum, do que por conversas comigo mesmo.
Uma parte deles é da minha família, embora não saibam disso.
Até porque eu continuo na minha timidez e nunca consigo falar mais do que um "oi" para eles.
Alguns devolvem a cordialidade e me incluem na conversa. Me dão bons abraços, como se nos conhecêssemos a muito tempo.
Outros me ignoram de maneira suave.
Mas, mesmo assim, eles me são especiais. Muito. Gosto da simbologia de ter essa família.
E é sempre legal ficar ouvindo as conversas, ver como estão todos bem. E, mais que isso, ver que eles mantém a amizade entre eles depois de tanto tempo. É bom sentir que a energia é sempre muito boa entre eles, o que afeta positivamente o ambiente e as demais pessoas, que ficam de fora só olhando.
É bom ter gente assim na vida.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Sobre este blog

Tenho descoberto, desde que fundei este blog, que muita gente conhecida o lê.
Muita gente que nem imaginava e que, de repente, seja numa conversa de msn ou ao vivo, me confidenciam que lêem quase todo dia, ou pelo menos uma vez por semana.

Daí fico imaginando que sempre tem algum ilustre conhecido anônimo lendo essas besteiras.
Mas nem por isso pretendo mudar o perfil do blog.

Como já disse, ou como alguns já sabem, não sou de cutivar amigos.
Eles vêm e vão. Livres. E eu não sou de ficar atrás de saber da vida deles e, ao mesmo tempo, não espero que eles venham falar comigo. Curto o momento, e isso me basta.

E sou menos ainda de conversar. Sou bem mais da escrita [talvez o fato de conversar pouco canalize energia pro escrever muito]. O único jeito de saber da minha vida é por aqui mesmo. Funciona muito melhor que uma conversa ao vivo. E não acho ruim saber da vida de uma pessoa por um blog. Pode soar frio, sem emoção, mas enfim, a escrita às vezes não ajuda mesmo. Mas, de outra forma, pode soar como uma carta aberta aos amigos interessados, e aí quem me conhece pessoalmente tem a vantagem (ou não) de saber meu estado de espírito em cada postagem.

Então, depois de pensar um tempo na utilidade desse blog, de reparar na inutilidade dele, cheguei na conclusão que ele assim tá de bom tamanho pra mim, a maior interessada em ficar escrevendo aqui.

Porque é o único jeito que achei de me expor totalmente. É o jeito que achei de conversar silenciosamente com os demais. É o jeito que tenho de exercitar a escrita. E é um compromisso que marquei comigo mesma. Eu, que adoro começar coisas e nunca terminá-las. Com a vantagem que dá pra terminar um blog no nada e não parecer um projeto inacabado.

Então, caros leitores casuais ou não, este blog vai se manter na forma de diário online. Não esperem muita coisa pra esse ano e pros próximos. A não ser histórias cotidianas de uma arquiteta no poder público de uma outra cidade, que tenta maneirar na bebida, mas que continua fumando mais a cada dia. E com rompantes de saudade que deságuam nesse blog mesmo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

São Luiz do Paraitinga

Nada mais normal do que se lembrar do ano que se passou nos últimos dias dele. Ficar horas lembrando como tudo aconteceu, das emoções, dos risos, alegrias, tristezas.

Como se não bastassem as lembranças, dessa vez o noticiário ajudou. Com uma notícia extremamente triste. As pessoas que tavam comigo na praia nunca imaginariam o que eu tava sentindo ao ver as imagens de São Luiz do Paraitinga inundada pelas águas do rio Paraitinga. Com todo seu patrimônio histórico sendo destruído daquele jeito.

Passei por dois momentos em SLP. Uns dos mais importantes na minha vida. Em agosto de 2008 e em abril de 2009. Não, não foi no famoso e tradicional carnaval . Foi por causa do movimento estudantil mesmo.

Ajudei a fazer um encontro de estudantes lá. Pesquisei o máximo da cidade pra ajudar nas atividades. Aprendi muito sobre a vida dos moradores de lá. Subi e desci as ladeiras infinitas vezes. Na maioria delas, bêbada, brincando com os amigos. Em outras vezes, pensando seriamente na articulação estudantil de um estado inteiro.

A cidade me serviu de amparo nas duas vezes que fui lá. Me viu chorar nas duas vezes. Me viu no começo de uma nostalgia que eu sentiria pra sempre, meses mais tarde.

E me doeu, muito, ver o noticiário do primeiro dia do ano. Me doeu mais ainda ver as manchetes dos jornais de hoje. Ver a cidade destruída, depois de ter acolhido tanta gente no EREA do ano passado, depois de ver tanta gente aprendendo de verdade as características da cidade.

Acho que tenho um carinho maior por SLP do que por Piracicaba, minha cidade natal.

















Na época do EREA 2009 e no começo desse ano.













ps.: como ajudar:

Já existe a comunidade do Oasis para ajudar SLP. Só entrar aqui e se cadastrar. Lá também tem os demais meios de ajudar, que tô colocando aqui.

Lista de necessidade:

Água potável, leite em pó, alimentos não pereciveis, velas, lanternas, roupas, sapatos, fraudas para bebê e geriátricas, material de limpeza, sabonete, pasta e escovade dente, colchões, roupas de cama mesa e banho, açúcar e transporte.

Locais de ajuda:

São Paulo:
Rua Bernardino de Campos, 1624 Campo Belo – SP

É o endereço da loja Rafting Brasil, que está ajudando localmente também - http://raftingbrasil.com

Taubaté:
SESI -Neste domingo o funcionamento é das 8h e às 18h. De segunda à sexta as doações podem ser feitas até às 20h30. O Sesi fica na Avenida Voluntário Benedito Sérgio, 710, Estiva. O telefone é 3633-4699;

- Plantão da delegacia da JK – Rua Juscelino Kubitschek de Oliveira, 260;

- Rua Marquês de Rabicó, 33 – Gurilândia;
- Rua José Dantas, 266 – Parque Aeroporto – rua da igreja;
- Rua Monsenhor Miguel Martins, 361 – Vila Marli;
- Padre Faria Fialho, 315 – Jd Maria Augusta;
- Batalhão da PM – avenida Independência;

São José dos Campos:
1ª Igreja Batista – Rua Salvador Piorino, 6, Jardim Carlota. Das 8 às 17 horas. Fecha para almoço. Informações: 3637-2024;

Ubatuba:
Comando de Policiamento do Interior – I (CPI-I) da Polícia Militar

Piracicaba:
Comando de policiamento do Interior - IX (CPI - 9) da Policia Militar

Pindamonhangaba:
Na sede da OAB, a entidade está recebendo alimentos não perecíveis e na Empresa de Ônibus Viva Pinda, estão sendo levados objetos de uso pessoal, principalmente roupas e calçados

Todos os dias, um caminhão está saindo de Pindamonhangaba com destino a São Luiz levando as doações conseguidas nos postos de arrecadação da cidade. No bairro Ouro Verde, o posto de recebimento está instalado no Bar Epa, Rua Ministro Rodrigues Alckmin, acesso da Avenida Nossa Senhora do Bom Sucesso.

Polícia Militar do Estado de São Paulo:
- Cias, Batalhões, Destacamentos e Quartéis. (é necessário que os alimentos estejam bem acondicionados em caixa fechada). Alguns policiais militares não estão sabendo de nada dessa ação, convém pesquisar o local da sede mais próximo de vc pelo site da Polícia Militar