segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Mais um pouco de Embu

Em dois meses e meio convivendo mais em Embu do que em São Paulo, acho que já dá pra fazer uma breve análise menos superficial da cidade que me mantém.

Embu é uma cidade de médio porte, com cerca de 250 mil habitantes. A atividade básica que mantém a cidade é o artesanato, motivo pela qual é reconhecida mundialmente. E isso não é exagero, já que mesmo em dias de semana eu vejo muitos gringos na cidade, tirando fotos e comprando arte. O forte, mesmo, são os fins de semana, onde o turismo é maior, prioritariamente no centro histórico da cidade. A feira de artesanato acontece lá há 40 anos.

A cidade é cortada pela rodovia Regis Bittencourt (BR 116), e dependendo de onde vc está é normal ouvir a expressão “do lado de lá da rodovia”. Os acessos a partir de São Paulo são feitos tanto pela zona oeste (avenida Francisco Morato, passando por Taboão da Serra) ou pela zona sul (estrada de Itapecerica, passando por Itapecerica da Serra, ou estrada do Campo Limpo, que também passa por Taboão da Serra). Não é a tarefa mais fácil do mundo ir pra Embu por meio de transporte público, situação que tende a melhorar com a inauguração da linha amarela do metrô.

Mas, como nem tudo são flores, Embu carrega nas costas vários problemas, como não poderia deixar de ser. A imagem bonita do centro é facilmente esquecida quando se visita os demais bairros da cidade, com suas ocupações irregulares e favelas com esgoto a céu aberto. Trabalhando numa companhia pública de habitação, fica fácil ver todos os problemas de arquitetura e urbanismo da cidade. A periferia carece de muitas condições básicas de moradia, embora a situação tenha melhorado muito nesse meio tempo, pelo que vejo das fotos e das declarações dos próprios moradores de lá.

Além dos problemas de urbanização na periferia, Embu tem cerca de 70% de sua área comprometida como área de proteção ambiental. O que causou grandes transtornos ao governo do estado para poder implantar a fase sul do rodoanel, que também passa pela cidade. Embu já foi considerada um dos municípios mais perigosos do estado, situação que durou até cerca de 2001 e que vem sendo amenizada até agora. De fato, a segurança é bem maior agora do que há 13 anos, quando fui visitar pela primeira vez a cidade na companhia dos meus pais.

Toda essa situação de melhoria fez com que a população visse a administração local como a responsável por todos os problemas que surjam, mesmo quando a culpa é do próprio morador da cidade. A população se acostumou a ver a administração como meramente assistencialista, e se nega a ser parte fundamental e responsável também pela solução dos problemas. Claro que isso, genericamente falando. Alguns bairros ainda têm a consciência de que são tão ou mais responsáveis do que o poder público.

Em palavras rápidas, isso é o que vejo de Embu nas minhas viagens diárias e no dia-a-dia.

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