sábado, 19 de novembro de 2011

À espera...

Finalmente me entendi e entendi minha vida nesse período de mudanças.
Eu acho. Mas estou mais tranquila.

No mercado tradicional de Arquitetura, existem subclasses para nos definir, e definir o que somos e o que faremos. Pelo que entendi até agora, há os seniores e o juniores. E o arquiteto que dá nome ao escritório, que vou chamar de master, para manter a escala hierárquica.

Os juniores são arquitetos formados a menos de 5 anos. São arquitetos que denotam pouca experiência pelo pouco tempo de formado. Os seniores são os que estão formados a mais tempo, e denotam grande experiência. Eu, no caso, sou uma arquiteta-júnior. Meu novo chefe, obviamente, um senior.

O que me dá um grande nó na cabeça, além do fato de não aceitar esse tipo de hierarquia [nem nenhum outro - meu lado anarquista está sempre me pondo à prova], é que nesse mundo arquitetônico, pelo menos, não se conhece a palavra "diferente" - do ponto de vista do trabalho. Por exemplo, eu tenho certeza de que tenho mais experiência com obras e projetos em favelas do que meu novo chefe, mesmo tendo quase 3 anos de formada, contra 27 dele. E eu tenho certeza de que ele sabe mais de organização do trabalho do que eu. Mas, não basta saber coisas distintas e, com isso, haver uma construção coletiva de um projeto. O que basta é o tempo de formação e a submissão a uma hierarquia imposta, pronta desde o começo dos tempos.

Mas, enfim, entendi que não vou ter mais a correria de antes. Se em Embu eu tava acostumada a fazer 15 coisas diferentes ao mesmo tempo, a trabalhar em sábados e feriados, a fazer hora extra por gosto sem ganhar nada, agora estou me acostumando a idéia de fazer uma coisa por vez, a trabalhar 8 horas por dia, a fazer coisas que até agora não me acrescentaram em nada, a esperar o chefe dar algum trabalho, nem que seja para imprimir 236 páginas de planilhas - porque eu sou junior, e minha função é também ser estagiária.

Espero, todo dia, pelo momento de finalmente começar um projeto, ou de desenhar algo de útil no CAD. E é essa espera que me detona, porque eu não sou pessoa de ficar parada. Mas, por outro lado, está sendo o dinheiro mais fácil que já ganhei na vida.

Então, entendi que a lição que estou aprendendo no momento é a paciência - e isso, de fato, é um grande aprendizado. Entendi que, no momento, estou descansando depois de um período turbulento, o que é ótimo também. Entendi que é hora de botar tudo nos eixos e programar melhor a vida.

Desde que vim pro novo trabalho sabia que ia retroceder. Sabia que seria uma vida absolutamente mais tranquila. Sabia que eu poderia emburrecer mais. Sabia que podia me arrepender. E, por saber de tudo isso é que tá na hora de botar velhos planos em prática. Mestrado, cineclube, desenhos...é hora de retomar um pouco da vida boa que já tinha em mente. Só o arrependimento, que nunca veio. Reforçando o escrito passado, não tenho vontade de voltar pra Embu [apesar de sentir falta dos amigos de lá - o que é natural em qualquer saída de qualquer lugar em que se viva intensamente].

Quando o trabalho estiver de fato bom, escrevo algo mais animado. Por enquanto, sobram dúvidas e um gosto amargo de submissão. Eu estava muito acostumada a ter liberdade e responsabilidade...

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