segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Música e instrumentos

A conversa hoje no escritório começou quando comentei que sabia tocar uma parte da ópera O Guarani na gaita. Estendeu-se sobre como cada um dos arquitetos do escritório tinham começado e terminado no ramo musical.

Quando estávamos comentando sobre ler partituras, saber acordes e tudo mais, me lembrei que uma vez, a uns 10 anos atrás - no colegial, eu aprendi a tocar bateria na escola.

Não era uma aula exatamente boa, a maioria tava lá porque ou era música ou era teatro. E logo no primeiro ano, poucos queriam se expor tanto na área cênica. Sobrou uns desajustados na aula de música.

E logo na segunda semana, tínhamos de montar um grupo musical.

Minha turma tinha de tudo - punkers, rockers, baladeiros e os nem aí. No fim formei grupo com mais três meninas, que tinham os mais variados gostos musicais. Não combinávamos em nada, mas eram as pessoas da ala feminina que iam embora com o nosso grupo de dez pessoas, todo dia, da escola ao metrô. Os outros membros ou já tinham formado grupos distintos, ou faziam parte das cênicas.

Logo na terceira semana, tínhamos de decidir o que cada um ia tocar. Não foi uma tarefa fácil, porque passava por comentários como "falta de coordenação, não gostar de música, só sei tocar violão", e por aí vai. Uma delas, a que sabia violão, ficou com a guitarra. Outra acabou ficando no vocal por ter a melhor voz de nós quatro. A outra ficou com o baixo, não me lembro exatamente por qual motivo, provavelmente pra fugir da bateria. Ninguém queria a bateria e eu, teimosa e um tanto determinada a desafios (embora, naquele estado, tudo era desafio), acabei ficando com a bateria.

A primeira parte das aulas eram tediosas, teoria e mais teoria, quando queríamos mesmo era fazer barulho, seja ele qual fosse. Os das cordas ficavam numa sala separada dos da bateria. As aulas de bateria eram super divertidas.

Eu não tocava bem, acho que nunca toquei bem, mas ficava feliz de ganhar coordenação e saber acompanhar a música.

No meio do semestre, tínhamos de apresentar uma música conhecida aos demais. Naquela época, o Acústico dos Titãs tava fazendo muito sucesso (uma época em que não tínhamos as facilidades da internet, para conhecer coisas melhores). Lembro que umas três "bandas" escolheram Titãs. A nossa escolhida foi "Flores". Até hoje sei perfeitamente as batidas da bateria, que não são nada grandiosas.

Uma grande ironia...nós que não éramos feministas nem nada (e acho que nem somos, ainda hoje - apesar do grande aprendizado que o último concurso que participei me proporcionou, em termos de feminismo) montamos não só a única banda feminina como ainda escolhemos uma música de nome "meigo".

Lembro que a apresentação foi muito boa, visto que nenhuma de nós sabíamos nada a não ser o que aprendíamos nas aulas (os demais, a maioria, já tinha tido aula de alguma coisa na infância). E lembro também, que no fim, tivemos de fazer uma música própria e tocar. Essa, se bem me lembro, foi um desastre generalizado, de todos. Não lembro a música, muito menos a letra, mas sei que foi divertido, de qualquer forma.

No fim, essas aulas serviram pra me aproximar mais de quem tinha um gosto parecido com o meu (que, na época, não era nada refinado quanto o de hoje), e me fez também tirar sarro de muitos outros.

E sei, também, que toda vez que nos lembramos disso, damos boas risadas. No fim, representou o começo da vida pra muitos de nós. Pelo menos pra mim, foi o início de uma grande mudança.

[Não imaginam como foi divertido relembrar e escrever tudo isso...dei muita risada de todo o contexto. Bom 1998...como seriam bons o 1999 e o 2000...)

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