quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Confiança e decepção

Eu participei da FeNEA ativamente por 3 anos: de setembro de 2006 a agosto de 2009. A primeira coisa que aprendi foi a ter confiança. Não sei precisar porque.

A gente dormia todos juntos, em colchonetes, em salas de aula, em sítios, em casas de amigos. Quando entrei, alguns já se conheciam há um tempo, outros, a poucos Conselhos atrás. Mas, em geral, éramos todos desconhecidos. O que não parecia, porque depois de um Conselho, todos pareciam amigos para sempre, até alguém desaparecer dessa vida, seja por causa dos estudos, da família de sangue, da vida lá fora. Aos que persistiam nessa vida de estudante-militante-apaixonado sem rumo, uma família era formada. Para alguns em especial, a amizade dura bem até hoje.

Na época, eu morava em Campinas. Havia, regionalmente, um Conselho a cada 3 meses. Depois que fui no primeiro, não é forçoso dizer que mal via a hora de ir ao próximo. Porque me apaixonei por isso tudo. Pelas discussões, pelas pessoas. O que é, de fato, algo difícil para eu reconhecer. Gostava muito mais de encontrar esses amigos militantes do que minha família de sangue. Embora me conhecessem há pouco tempo, eles faziam a diferença na minha vida. Logo, entendi quando alguns chamavam outras de mãe e outros de pai. E, logo, entendi a confiança que pairava no ar. Coisa que não se explica nem hoje, há um tempo fora desse mundo.

E, com a confiança – que se resume em confiança nas pessoas, nas decisões, nas ações – vinha junto a ética. Éramos todos éticos, modéstia a parte. Claro, alguns tinham uma visão muito diferente dos outros, e tomavam decisões desastrosas. Mas, não via nisso um desvio de ética. Não vou saber explicar porque, mas no meu coração sabia que não existia nada errado, apenas diferente. A essência da Federação continuava presente em todos.

Com isso, achava que os dinossauros da época eram todos confiáveis, porque todos passaram por esta experiência e duraram bem mais que 2 ou 3 Conselhos. Quando conhecia algum das antigas, eu já sabia seu passado, mesmo sem conhecer pessoalmente até então.

Eu pensava assim até hoje. Nem todos que tiveram a mesma experiência, passaram tanto tempo dentro da casinha, tiveram a mesma percepção que eu e mais outros que duraram tanto quanto. Talvez eu sempre estivesse errada nesse lance de ética, mas com certeza sempre estive errada na percepção igual a todos. Com alguma certeza, sei que tem gente que entrou nesse mundo paralelo para se dar bem no que houvesse. Disputa clara de poder. Hierarquia, patriarcado, tinha gente preocupada com essas coisas mesquinhas mas que, infelizmente, fazem sentido para alguns.

Não sei precisar o que alguém que passou tanto tempo na Federação vê na disputa de poder, em ser anti-ético, em desprezar opiniões, agora no mundo profissional. Porque, pra mim, não faz sentido quem passou pela casinha ser algo que nunca demos bola e nunca incentivamos. Pelo contrário: provávamos que com ética e confiança irrestrita as ações davam certo (ou, na maioria da vezes).

Enfim, o longo texto é só pra extravasar mais uma decepção. Espero não ter mais envolvendo as pessoas da casinha que conheci a um tempo atrás. Ou, então, espero estar mais atenta e menos romântica. O mundo aqui fora, de fato, é muito mais real que se imagina.

Um comentário:

Débora Gomes disse...

Leila! Tudo bom?? Eu tava procurando uma lance nada a ver no google e encontrei seu blog! hehehe E api, tudo bem com vc? Saudade! Eu tb fiz um blog, super recente, dá uma olhada quando puder: 53et3.wordpress.com
Beijo!