quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Alberguistas

De longe, o que mais me chamou minha atenção nessas férias foram os alberguistas. Tanto em Buenos Aires, Montevideo e Recife.

Confesso que não fico em albergue para procurar amizades. Quem me conhece sabe que não sou de fazer amigos nem de sair conversando por aí com qualquer um. Albergue pra mim é somente a única opção plausível de hospedagem em outra cidade. Enquanto hotéis e pousadas cobram 70, 100 reais por uma diária, em albergue sai por 35. O que ainda acho caro, porque multiplicando por 30 dias dá 1050 reais, muito mais que o aluguel e as contas que pago aqui em SP. Mesmo considerando que albergue/hotel/pousada é para pouco tempo.

Enfim, nas 3 cidades que me hospedei, a atitude dos alberguistas é exatamente a mesma. Muita gente viaja sozinho por aí, e quando chegam no albergue, ficam ansiosos e aflitos por fazerem amizades. Conversam qualquer besteira com o primeiro que vêem pela frente, o papo engrena. Na maioria das vezes, querem ser companhias de passeios. Tem medo de irem sozinhos. Tem uma necessidade inexplicável de terem alguém ao lado, mesmo que seja um completo desconhecido.

Quando eu dizia que eu estava sozinha em Recife, me chamavam de corajosa. Quando me viam sair do albergue sem companhia e sem rumo, me viam com desconfiança e um pouco de escárnio (senti, várias vezes, o olhar de pessoas me julgando como antipática). Poucas vezes conversei com o restante dos hóspedes, e quando tentei, me frustrei. Conversas rasas, muito preconceito.

Nãi vi ninguém se arriscar sozinho. Pelo contrário, tanto em Buenos Aires quanto em Montevideo e Recife vi pessoas que não se conheciam trocar duas frases (algo do tipo: "Você tá indo pra tal lugar? Posso ir com você?") e serem melhores amigos.

Mas, ao contrário, não fiquei ranzinza com isso. Só achei muito esquisito a pessoa viajar mais de mil quilômetros para fazer amizades rápidas e, muitas vezes, continuar na mesma rotina de onde vive, sem aproveitar a cidade de fato.

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