segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Rio das Pedras

Deu vontade de escrever sobre Rio das Pedras.

Rio das Pedras é uma cidade de mais ou menos 30 mil habitantes, a cerca de 20 quilômetros de distância de Piracicaba, a maior cidade perto por lá. Atualmente, mesmo com o crescimento da cidade desacelerado, eu vejo Rio das Pedras mais como um bairro de Pira, tanto pela proximidade quanto pela questão econômica e política.



Desde que me conheço por gente e até meus 15 anos, todo mês de julho e todas as férias de fim de ano eu passava nessa cidade, na casa da minha avó. A base da minha família é de lá, sendo que hoje em muita gente espalhada pelo estado. Os únicos que ficaram lá e que eu sempre visito são meus tios e minha avó por parte de mãe.

Mas deu vontade de falar de lá por causa da última "novidade". Passei o Natal lá, depois de um ano de ausência, e me deparo com esta maravilha arquitetônica, logo na entrada da cidade.



Não sei exatamente pra que serve, os 3 blocos tem porta de entrada e aparentemente não há nada lá dentro. Não há exposição, nem algum uso aparente. Poderia servir de uma mega lan house, ou sede de alguma secretaria de governo, se não fosse por um porém: é tudo envidraçado. E lá a média de temperatura é de 30 graus. Então, fica impraticável usar de algum modo essas aberrações.

E isso me fez pensar se por acaso a prefeitura não precisa de um arquiteto, ou alguma consultoria permanente. Porque está claro que isso não foi feito por arquitetos, e, se foi, dá pena e vergonha alheia. De alguém que faz um trambolho desse sem conhecer a cidade, sem conhecer o básico de arquitetura. E é por essas e outras que nossa profissão segue tão mal falada....

Enfim, tirando essa tosqueira, Rio das Pedras tem ótimos exemplares de arquitetura colonial. Na época de ouro do açúcar, a cidade contava com muitas usinas. Hoje, muitas delas estão desativadas e abandonadas. A de baixo aí é a de Bom Jesus, que se não me engano, empregava metade da população em meados do século XIX.



Fora isso, há inúmeras casinhas coloniais que foram desfiguradas totalmente ou então abandonadas. A maioria das abandonadas estão no caminho para Saltinho.

Além da arquitetura, a cidade é cercada por campos de plantação de cana-de-açúcar. Lembro que a gente, crianças na época, crescemos "roubando" cana-de-açúcar pra fazer suco ou mastigar a seco mesmo. Tradição essa que não existe mais na meninada da cidade atualmente...Por causa das plantações e da economia essencialmente canavieira, a cidade é conhecida como "cidade doçura", alcunha esta só famosa na região mesmo.

Um outro fator importante, ainda em relação à economia, é que uma das fábricas da Arcor (fabricante de doces em geral) está na cidade desde que me entendo por gente. É importante porque meu tio e minha avó já trabalharam lá, e a cesta de Natal deles era o sonho de consumo de qualquer criança. Balas, pirulitos, chicletes....tudo pra gente. Parece que é uma das maiores fábricas da empresa, e referência mundial. Pra mim, só interessava que era a fábrica que fazia o bolin-bola e as tortuguitas....

ps.: as fotos, exceto a primeira, são do flickr do Daniel Guiso. 90% de certeza que ele é rio-pedrense, pelas fotos bonitas que tirou dessa cidade que ninguém conhece...

UPDATE: Contatei Daniel Guiso pelo flickr, porque não tinha pedido autorização para usar as fotos dele, embora tenha creditado. Muito amável, ainda comentou sobre o "post" e me deu mais informações sobre a aberração arquitetônica de lá. Valeu!

Nenhum comentário: