sábado, 18 de dezembro de 2010

Mutirão

Eu nunca tinha participado de um mutirão. Só visto e lido sobre.

Daí que na primeira reunião com a demanda das obras do Valo Verde, foram os próprios futuros moradores que se ofereceram pra ajudar, mesmo com a gente (mais eu e minha chefe) pensando seriamente em propor isso a eles na reunião.

Foi um tanto espontâneo, e na semana seguinte lá estava eu organizando o primeiro dia de mutirão. Eu, que nunca participei, estava coordenando o que fazer.

E, no dia anterior, lá estava eu nervosa sobre como lidar com isso. Porque no fim eu iria sozinha. Eu e mais um mestre-de-obras novato em mutirão. O que me valeu uma boa conversa com a chefe no dia anterior, me acalmando e passando todas as dicas.

Fiquei a semana inteira pensando, organizando, monitorando a obra pra ver o que o pessoal podia fazer no sábado.

No sábado, eu cheguei 10 minutos atrasada. Todo mundo já tava lá, com tarefas específicas. Homens e mulheres fazendo um pouco de tudo. O mestre soube bem organizar e despachar tarefas sem mim.

Cheguei, passei protetor solar (tava um calor de 30ºC) e comecei a ajudar em tudo. Porque, se era pra fazer parte, tinha de ajudar no trabalho pesado também.

Separamos material, limpamos a obra e levamos o material pra dentro dos tapumes. Tudo isso antes do almoço.

Na volta, concretagem. Trabalho pesado que foi divertido com 12 pessoas. Mas, ainda assim, estava nervosa. Pelo traço do concreto certo, pelo enchimento correto, por assegurar trabalho pra todo mundo. No fim, em duas horas, tudo certo. Acabamos a tempo, pois logo começou a chover forte.

Depois disso, todos prontos pro mutirão do fim de semana que vem, agora com a chefe coordenando enquanto eu resolvia outras coisas em Embu mesmo. Assim que resolvi, parti pra lá pra fazer parte. Passei o resto da manhã desse sábado carregando blocos e ajudando a organizar tudo.

E foi legal perceber que, por mais que a gente programe e organize, os mutirantes tiveram a boa vontade e a garra de fazer de tudo pra ajudar. Levaram o mutirão pra frente sem ter de receber ordens, só aceitando sugestões.

Valeu a pena ficar com o corpo doendo o domingo inteiro, dormir mal de ansiedade, "perder" o sábado trabalhando.

Porque fez a diferença conhecer melhor o pessoal que vai morar lá. Ganhar um "feliz natal" deles, mesmo para alguém que não é católico. Receber o respeito e o reconhecimento deles hoje, quando só passei pra dar um alô e na volta, quando voltei pra ajudar. Conversar de igual pra igual, sabendo mais da vida deles e eles, da minha. Fazer brincadeiras no meio do trampo pesado.

Porque percebi que esse tipo de trabalho me fez esquecer todos os problemas que estão acontecendo comigo. Tipo uma limpeza da alma.

Incrivelmente, deu tudo certo.

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