domingo, 13 de dezembro de 2009

Sobre a população e o poder público

A Conferência da Cidade foi ontem, sábado. Escrevi errado no post anterior. Pra quem não sabe o que é, é o momento que se reúne lideranças de tudo quanto é segmento [ONGs, movimentos populares, entidades de classe etc] para ajudarem a construir uma política urbana e territorial mais condizente com a realidade da cidade. E ajudar a construir é propor ações, métodos e soluções em conjunto. Não é o momento de cobranças, de nenhum dos dois lados.

Foi a primeira vez que participei de fato de uma Conferência, e pelo lado do governo. Começou de manhã, às 8 horas, com o credenciamento do pessoal que ia participar dos debates. Nesse ano houve 4 mesas de debates, e o pessoal se increvia logo no início em uma delas. Às 11 horas, a abertura oficial, com o prefeito, um vereador e o secretário de Desenvolvimento Urbano falando. A parte mais desnecessária foi quando descobriram que haviam mais políticos com cargo na platéia e chamaram eles pra dar uma palavra também. Desnecessário porque cada um tratou de falar das eleições do ano que vem, exaltando o nome de Dilma Rousseff e o governo Lula (o prefeito de Embu é do PT, assim como a maioria da prefeitura). E se "esqueceram" da real intenção daquele momento.

Depois dos discursos e da apresentação do tema que seria debatido, almoço reforçado. Às 15 horas começou de fato as discussões, uma em cada sala de aula (o evento foi numa escola do Jardim Santo Eduardo). Não foi exatamente uma surpresa, até porque indo todo dia pras favelas de Embu eu já tinha sacado que o povo (em geral) manda muito bem, tanto no conhecimento dos problemas quanto na solução deles. Às vezes manda melhor que nós, pessoas com segundo grau completo. Mas nos debates eles deram soluções tranquilas, sem polêmicas e de acordo com o que todo mundo queria. A parte esquisita pra mim (que estava relatando um dos debates) foi um dos moderadores - do poder público, como todos os moderadores e relatores da Conferência - dar idéias e sugestões e argumentando a favor da sua proposta, esperando um respaldo da população, ao invés de manter uma posição neutra e só dar uma ajuda na parte de conceituação, ajudando a esclarecer o que o povo deveria deliberar. A "sorte" é que as propostas do cara não batiam de frente com o que a população queria.

Às 17 horas, apresentação dos debates e das propostas. Foi a parte mais divertida, cada um defendendo tua proposta e angariando muitos aplausos. A parte mais tensa, claro, foi a eleição dos delegados para a Conferência Estadual, a ser realizada ano que vem. Mas que no fim tudo se resolveu entre todos os interessados e acabou tudo bem. O fim só veio às 19 horas, com um ar de cansaço em todos os que estavam organizando, já que ficávamos não só atentos nas discussões, mas também em toda a infra e no horário.

Acabamos emendando num bar em Embu mesmo, pra comemorar o sucesso da Conferência (afinal, ela aconteceu e sem maiores problemas), e foi inevitável, para mim e outra amiga, que trabalha na secretaria de Desenvolvimento Urbano e também ex-diretora da FeNEA, fazer os comparativos com algum Conselho da Federação. Passamos a semana inteira, na preparação da Conferência, conversando sobre as muitas semelhanças. De fato, quando estávamos discutindo sobre o acordo de convivência no início de cada mesa de debate, era bem claro que a gente tava pensando na mesma coisa. E também quando pensávamos na infra da escola, comparando com algum Encontro que tivéssemos feito parte.

O legal, também, foi conversar com o secretário de Desenvolvimento Urbano e o Secretário Adjunto, que fizeram parte da executiva dos estudantes de Arquitetura e Urbanismo antes dela virar FeNEA. Ambos foram da PUCC, assim como minha amiga. E numa hora emendamos numa conversa sobre os rumos que tudo levou, como era no início e como é agora. Soube de muitas histórias da década de 1980, complementadas com histórias de 2004 e de 2009. Pra mim, que adoro histórias, foi incrível. E foi legal perceber que, mesmo depois de mais de 20 anos, a Federação mudou muito pouco, na questão de sua essência. Porque entre nós estávamos dizendo a mesma língua, pensando as mesmas coisas, sabendo dos mesmo problemas.

Acabei chegando em casa à meia-noite, cansada demais, mas feliz por ter trabalhado sábado o dia inteiro, sem pressão e sem o pensamento de que deveria ir pra lá, de manhã, por obrigação. Feliz de ter participado disso tudo. E feliz por ter mais coisas a pensar pro futuro.


Reinaldo, Daniel, Zé Ovídio, Lilian, Luzia, Joana, Alex, eu, Deise.
Embaixo: Tatiana e Romel
Equipe organizadora da 4ª Conferência da Cidade.

Um comentário:

Unknown disse...

confesso que não li o texto todo tive preguiça rsrsrsrs mas vim mesmo pra 'te ver' sua pilantra sumida. bju bju saudadona!