domingo, 15 de novembro de 2009

Assalto

Sexta-feira. Chego em casa pra mais de 20h, já sabendo que uma amiga querida estava na cidade. Nos encontramos no vale do Anhangabaú, e junto dela tinha outras pessoas que a tempo estava a fim de conhecer. Dinossauros, como os mais novos diriam. Amigos novos, que conversaram comigo como se nos conhecêssemos a um bom tempo.

Depois de algumas horas num bar aqui do lado de casa, e depois de eu servir de guia turístico ao povo recém-conhecido, fomos a outro bar, na Augusta. Que incrivelmente não estava cheio e nem estava fechando. Nesse meio tempo de "translado", uma das pessoas tinha de ir pra Campinas. A despedida foi calorosa. Legal demais conhecer mais alguém que mal sabia da minha existência e se despediu de mim tão bem.

Mais conversa, mais cerveja, mas o cansaço bateu forte e fomos embora. Uma das amigas ia dormir em casa, e foi no fim, a única testemunha da maior proeza da história da criminalidade paulistana.

Não é segredo que, quando volto bêbada pra casa, na madrugada mesmo, eu converso com alguns mendigos e trombadinhas da ladeira da Memória. Pra minha sorte, nunca aconteceu nada de mais, o que me faz pensar que tenho alguns amigos marginais por aí. E o que me faz pensar que vai ser assim pra sempre.

Mas essa madrugada, eu e minha amiga estávamos descendo a ladeira, bêbadas e conversando alto. Havia gente na rua, um bar estava aberto e a gente papeando alto. Eis que ouvimos alguma coisa atrás de nós. Era um moleque, de uns 12 anos, falando "Passa". A resposta natural da minha amiga foi "Pode passar!". Só depois de alguns minutos entendemos que ele queria meu celular, que estava no bolso. Eu dizia que não tinha nada, minha amiga também, gesticulando bastante com o celular na mão! Ele viu o celular no meu bolso e, resignada, só disse "Pode pegar!". Ele enfiou a mão no bolso, pegou (junto ao celular, tava minha carteirinha de estudante e um isqueiro, que ele pegou também) e, quando eu já tava conformada em comprar mais um celular, eis que ele me devolve! "Toma, não quero não!". Caímos, nós duas, na risada, e foi assim até chegar em casa (a 100m do "assalto"). Dormimos por causa da bebedeira, e de manhã ficamos imaginando porque raios ele não quis meu celular, e nem o celular da minha amiga, e nem a bolsa dela. Porque raios ele não quis levar nada.

Daí que hoje de tarde, depois do almoço e de um passeio na Galeria do Rock, fomos ao mesmo bar da noite anterior e ficamos bebendo a tarde inteira. Eu ficava olhando os trombadinhas da ladeira, imaginando se o moleque tava por lá. Acabei vendo um, que me lembrava muito o assaltante, e disse pra minha amiga: "Tá vendo aquele, de blusão, camisa azul por baixo e loiro? Foi ele, certeza!". E ela "Se ele vier pedir dinheiro pra gente, eu dou 1 real e tiro foto com ele". Tiro e queda. Ele veio, ela tirou foto com ele e disse algo do gênero "E não perturbe mais a gente a noite". No qual ele respondeu "Não, tia, eu não roubo não" e se foi, feliz de ter tirado uma foto e ganho uma conversa com duas meninas que ele tentou assaltar na noite anterior.

E eu juro que não é mentira, e juro que não entendi nada até agora. Só sei que meu celular tá aqui, são e salvo.

[Viu, mãe? Não tenho a mesma "sorte" que vc, hahaha!]

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